
Consciência lésbica
contracultura da cultura do estupro, pelo direito de dizer não
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#PROJETOHISTERIA

O #ProjetoHisteria é um experimento social, produto de uma nova metodologia de educação contra a cultura do estupro chamada #Herstorytelling. Seu objetivo é delinear coletivamente esta cultura, revelando-a como uma política milenar de ódio contra o sexo feminino, representado na História por meio da Santa Inquisição, que queimou (e continua queimando) nossos corpos, junto ao diagnóstico de histérica/louca, uma forma simbólica de prática política inquisitória de aniquilação das memórias das pessoas do sexo feminino.
Um dos fundamentos da cultura do estupro é o silêncio, imposto coercitivamente não só por pessoas do sexo masculino, mas também por instituições e discursos que, dominadas pelo sexo masculino, controlam o sentido da palavra mulher e todos os estereótipos sexuais deste lugar social. Tais instituições são controladas pelo sexo masculino tanto quanto os discursos que as permeam. É preciso revelar a misoginia destes discursos com a intenção de combater a institucionalização da cultura do estupro. O discurso da histeria é um dos principais discursos a serem combatidos. Toda sobrevivente sabe o que é ser chamada de louca por não abrir mão de suas memórias e verdades.
Histeria é um diagnóstico fabricado para culpabilizar mulheres por seus traumas sexuais. Quebrar o silêncio é muito difícil quando fazemos isso sozinhas. O ideal, portanto, é que cada mulher seja incentivada a narrar a sua própria história, sabendo que quando uma pessoa do sexo feminino fala por si mesma, ela protagoniza não só a própria história, mas a história silenciada da da humanidade: esta que nunca deu espaço para as narrativas das sobreviventes de estupro ou lésbicas no mercado editorial tradicional. Uma mulher que quebra o silêncio incentiva outras a quebrar também, e isso é poderoso. Este é o objetivo central do #ProjetoHisteria.
A maior evidência de que as mulheres não podem narrar a história de seus próprios corpos é a ausência de narrativas sobre estupro sob a perspectiva política das sobreviventes até mesmo em palestras sobre violência sexual. É possível traçar um paralelo entre o vazio das sobreviventes de estupro na produção do conhecimento humano e a ausência de literaturas lésbicas tanto no mercado editorial e no mundo acadêmico. Ausência de literatura lésbica no mercado editorial é reflexo da censura fascista: tem ligação com o regime militar e faz parte da cultura do estupro.
O #ProjetoHisteria é um modo de mostrar como funciona o #Herstorytelling, uma metodologia de educação contra a cultura do estupro, na prática. Inspirada na máxima da poeta, mãe, guerreira negra e lésbica Audre Lorde, "o silêncio não nos protege", a iniciativa pretende ser um convite a todas as pessoas do sexo feminino (independente da identidade de gênero) que sofreram violência sexual para que deixem de ser vítimas do sexo masculino e passem a ser protagonistas não só da própria história, mas da luta coletiva do sexo feminino contra a cultura do estupro. Sobreviventes são protagonistas. Quando narramos a verdade sobre nossos corpos deixamos de ser vítimas. Passamos a ser sobreviventes.
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#ProjetoHisteria: um experimento social que permite às sobreviventes de violência sexual que sejam sujeitos produtores de sentido, não meros objetos de estudo.
70% DAS VÍTIMAS DE ESTUPRO SEGUIDO DE GRAVIDEZ NÃO FAZEM ABORTO
90% DOS CASOS DE ESTUPRO
92% DOS ESTUPROS SÃO COMETIDOS PELO SEXO MASCULINO
Nomear o sujeito da cultura do estupro é fundamental para que se possa criar um movimento de contracultura que vá à raiz do problema. Sim, há pessoas do sexo feminino que estupram e o trauma individual de qualquer tipo de abuso sexual é dolorido e legítimo. Porém, a epidemia de estupros tem um sujeito definido ao longo da História da humanidade: o sexo masculino, independente de orientação sexual ou identidade de gênero. As pessoas do sexo feminino que se engajam na luta pelo direito ao próprio corpo e subjetividade são historicamente jogadas em fogueiras, antes materiais, hoje conceituais, mas não menos violentas. O diagnóstico de histéricas é uma fogueira simbólica praticada por indivíduos e pelo Estado. É contra a Inquisição do Hoje que o #ProjetoHisteria luta.
De histéricas a históricas.
Escreveremos juntas a nossa história!
A VERDADE SEJA DITA
A FAMÍLIA É O AMBIENTE EM QUE OS ESTUPROS SÃO MAIS EXPRESSIVOS, REPRESENTANDO 70% DO TOTAL